NACIONALBRASIL: Frei Betto, 80 anos de um pacificadorJorge Felix
Brasil de Fato
25 de agosto de 2024
Em uma época que os programas de reality shows produzem influenciadores de todo tipo, redes digitais fabricam pseudopolíticos e as pessoas idolatram seres inventados por inteligência artificial, é indispensável lembrar de figuras humanísticas, sob pena de perdermos a conexão com nós mesmos. Frei Betto será aqui homenageado por seus 80 anos, completados neste domingo, dia 25. Só um fato de sua biografia já justificaria o tributo.
Você conhece alguém de qualquer nacionalidade que tenha mudado a Constituição de um outro país? Sempre faço essa pergunta quando o assunto é ele. E mais. Fez isso em nome da paz. É curioso que o Brasil não dignifique esse feito. Um ex-integrante da Aliança Libertadora Nacional, a mais famosa organização de luta armada contra a ditadura civil-militar brasileira, empenhou-se sempre em levar a paz a todos os povos. Depois de publicar “Fidel e a religião” (1985), best-seller em 33 países, o escritor mineiro conseguiu dobrar o comandante da revolução cubana, o partido comunista e cravar na Carta Magna revolucionária que Cuba seria, dali para a frente, um país laico.
Mais do que a liberdade de culto, Frei Betto garantiu ao povo cubano a paz em meio a tanta guerra religiosa e foi convidado por diversos países para convencer dirigentes socialistas que fé e política deveriam andar separadas em nome da harmonia. É uma falha da comissão de prêmios relevantes em nome da Paz, como o Nobel, nunca ter valorizado a sua obra pacifista. Em seu livro “Paraíso perdido, nos bastidores do socialismo”, ele conta como foi árdua essa empreitada e como enfrentou resistências na Igreja para, simplesmente, pregar a paz. Garantir, não importa a ideologia política, a santa laicidade do Estado.
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A outra nobreza das ações pacificadoras de Betto é a sua doação pessoal, de energia, tempo e coragem, ao combate à fome, seguindo os princípios da Teologia da Libertação. Aí também há um trabalho pacificador. A violência nasce do estômago do animal faminto, inclusive o "bicho Homem". Seu trabalho missionário de seis décadas, no primeiro governo Lula, como assessor especial para esse designo e sua atuação, até hoje, em diversos países, em nome da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), constitui um imensurável conjunto de ações pela paz e pelo desafio de vivermos juntos no planeta com mais igualdade e justiça social.
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